terça-feira, 28 de julho de 2009

Eu amo muito tudo isso...

Dessa vez nossa aventura foi no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. O Parque foi criado em janeiro de 1961 (mesmo ano da fundação de Brasília) com o nome inicial de Parque Nacional do Tocantins e ocupava uma área bem maior que a atual. Teve seus limites alterados várias vezes, ora por pressão de fazendeiros, ora por políticos influentes. Depois destas reduções determinadas por decretos, o parque acabou sendo renomeado como Chapada dos Veadeiros (na verdade o nome era dado aos cachorros que os caçadores utilizavam para caçar veados nesta região, "os cachorros veadeiros"). Hoje protege uma área de 65.514 hectares, que correspondem a míseros 10% da área inicial, pertencentes aos municípios de Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, São João da Aliança, Teresina de Goiás e Nova Ramos.
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros tem várias opções de lazer e, embora envolto em uma série de lendas e misticismos, o que não falta por lá é aventura. Se você é daqueles que não vive sem Shopping Center ou está acostumado a ficar sentado na frente da televisão ou do computador comendo pipoca e tomando coca-cola, esqueça a Chapada dos Veadeiros. O local é, nada mais nada menos, do que a bacia do Rio Tocantins com vários rios, cachoeiras, cavernas e cenários inacreditáveis e, para ver tudo isso, haja disposição!
Vamos?!?!...

25/01/09 (domingo) - Ida pra Curitiba. Decidimos embarcar lá pois a passagem era mais em conta (bem mais) do que embarcar em Navegantes. Com a diferença deu pra pagar o estacionamento de 15 dias no aeroporto e ainda sobrou pro vinho! hehehe....). Pizza à noite com nosso inseparável cabernet, hotel...

26/01/09 (segunda) - Acordamos cedinho (nosso vôo saia às 7 h). Chegamos em Brasília às 9 h. Ligamos para Erich, irmão de Virna, que veio nos encontrar no aeroporto (ele mora lá e ficamos hospedadas no apartamento dele nesse primeiro dia). Umas voltas pela cidade para conhecermos os pontos turísticos, sendo o primeiro deles o Palácio da Alvorada, residência oficial do Presidente da República e que foi o primeiro edifício inaugurado em Brasília, em 1958; a Ponte JK sobre o Lago Paranoá, com três arcos inspirados pelo movimento de uma pedra quicando sobre o espelho d'água e o Monumento a JK. Almoço num simpático restaurante mineiro e mais voltas pela cidade, agora para visitar a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida , mais conhecida como Catedral de Brasília e o Congresso Nacional. Cachorro quente no jantar e descanso.

27/01/09 (terça) - Café e ligações a procura de um carro para alugar. Escolhemos um Palio 1000 (coitaaaaadoooo... mal sabia ele o que o aguardava. rsrsrsrs....). Mais umas voltas pela cidade para conhecermos a Praça dos Três Poderes, que é um triângulo equilátero, em cujos vértices estão as sedes dos três poderes da República: o EXECUTIVO - Palácio do Planalto; o LEGISLATIVO - composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, que juntos formam o Congresso Nacional; e o JUDICIÁRIO - Supremo Tribunal Federal. Passamos também no Santuário Dom Bosco, construído em estilo gótico, tem em seu interior vitrais em 12 tonalidades de azul, simbolizando um céu estrelado. No teto um lustre central que contém impressionantes 7.400 copos de vidro Murano. UAU!!!
Almoço, beijos e abraços pro Erich e... ZAP!!! A Chapada nos aguardava!!! Yuhúúúúú... Rodamos por cerca de 3 h até chegarmos em Alto Paraíso de Goiás, uma simpática cidade encravada nos arredores do Parque Nacional. Já tínhamos indicação de uma pousada - Recanto da Grande Paz - e foi lá que ficamos (ótima!). Desfizemos as malas, um pequeno descanso e lá fomos nós bater pernas pela cidade para saber o que tínhamos de aventuras pela frente. Roteiro decidido, voltamos à pousada, banho de piscina... de chuveiro... pizza e cabernet (pra não perder o costume, rsrsrsrs...) e uma boa noite de sono.

28/01/09 (quarta) - Loquinhas, Cachoeira Cristal e Água Fria:
Após o café pegamos a estrada em direção as Loquinhas, um complexo de sete poços de beleza única, distante uns 3 km do centro da cidade com placas indicativas, super simples de achar. Fica em uma fazenda particular e se paga uma taxa para visitação. O início da caminhada - trilha da Curicaca - é bem fácil. Andamos por cerca de 150 m até uma pequena ponte pêncil de 15 m sobre o córrego Passatempo, de águas muito cristalinas. Mais uns 140 m pela trilha do Tamanduá e chega-se a uma passarela de madeira, com extensão de 780 m que ladeia esse córrego e que nos leva aos sete poços de águas verdinhas, deliciosos para banho. O 1º poço chama-se Curupira, seguido pelo Curumins, Siriema, da Vovó, da Xamã (onde tomamos um delicioso banho), do Pajé e por fim o 7º e mais incrível de todos: o Poço do Sol! Ficamos nos deliciando naquela água verdinha (e gelaaaaada!) por um bom tempo. Uma de-lí-cia!!!
Voltamos ao centro e achamos um simpático buffet de comida natural e bem caseira - Restaurante Nativu's -, muito saboroso. Na saída, de sobremesa, havia um pão-de-mel maravilhoso e com vários tipos de recheio, feito artesanalmente ali na cidade mesmo. Pegamos o endereço da confeitaria (com certeza iríamos fazer uma visitinha bem demorada por lá, hehehehe....) e zarpamos pela rodovia GO 118 no sentido Cavalcante. Após 5 km entramos à direita por uma estrada de terra por mais 1 km até a sede da fazenda Cristal, onde também se cobra uma taxa para visitação. A trilha escavada na rocha desce por cerca de 200 m, serpenteando o Rio dos Cristais, passando pelo poço da Vovó, a 200 m do estacionamento, até a cachoeira Véu de Noiva, a última do complexo, com cerca de 10 m de altura espalhada num paredão de uns 15 m. Nas Loquinhas tínhamos a companhia de duas famílias, mas nessa estávamos completamente sozinhas. Uma maravilha! Sentamos numa pedra, embaixo de um grande fio d'água e ficamos curtindo uma hidromassagem natural espetacular.
Pegamos a trilha de volta e paramos na pequena cantina para saborear um açaí na tigela, que veio em boa hora (água dá uma fome! rsrsrsrs....).
Seguimos adiante, agora para visitar a Cachoeira Água Fria. A trilha é show e, depois de mais ou menos 1 h de caminhada, chegamos ao topo da cachoeira que proporciona uma visão privilegiada da Serra da Baliza, do Vale do Moinho e da Cachoeira dos Órfãos. Havia uma trilha íngreme na lateral e até arriscamos descer, mas desistimos da idéia porque começou a chover e já estava anoitecendo. Curtimos o visual só de cima mesmo.
De volta a cidade paramos num mercado para comprar pão, queijo e suco, que seria nosso jantar no quarto da pousada...

29/01/09 (quinta) - Vale da Lua, Abismo e Raizama:
Um delicioso café da manhã e pegamos a estrada novamente, agora pela GO 239, em direção ao povoado de São Jorge. Logo nos primeiros quilômetros nos deparamos com uma comitiva enorme no meio da estrada. Paramos o carro para deixá-la passar. Virna ficou admirada e levemente apreensiva (palavras dela, rsrsrsrs....) ao mesmo tempo, pois nunca tinha visto tantas “vaquinhas” assim... tão de perto e tão juntinhas (rsrsrsr.....). Fazia tempo que eu não via uma dessas, a última foi cruzando a transpantaneira em 2005. Show!!!
Seguimos adiante e, uns 11 km antes do povoado, entramos à esquerda rumo ao nosso próximo destino: o famoso Vale da Lua, um conjunto de formações rochosas escavadas pelas corredeiras de águas transparentes do rio São Miguel (há placas indicando a entrada). O Vale da Lua localiza-se fora do Parque Nacional, na Serra da Boa Vista. O nome vem da aparência que lembra uma paisagem lunar, com pequenas crateras escavadas pelo atrito da areia com as rochas nas curvas onde as corredeiras são mais fortes, dando origem a pequenos redemoinhos e funis. Como nos outros atrativos paga-se uma pequena taxa na entrada. Caminha-se um bom tempo por cima dessas rochas lisas e de tons acinzentados, passando-se por várias crateras até chegar numa piscina natural ótima para banho. O lugar é fantástico e ficamos por um bom tempo nos deliciando em suas águas cristalinas.
Partimos em direção a vila de São Jorge, como é conhecida na região. É um Distrito de Alto Paraíso de Goiás e está próxima ao portão de entrada do Parque Nacional, possui o mais antigo patrimônio geológico do continente e o ponto de maior luminosidade visto da órbita da Terra (segundo pesquisa da NASA), devido à quantidade de cristais de quartzo que afloram do solo, além de inúmeros outros metais e minérios.
A vila teve sua origem em antigos garimpos de cristal, situados na Baixada dos Veadeiros. Atualmente é um ponto de ecoturismo dos mais movimentados, pode-se fazer trilhas à pé ou de carro para diversas cachoeiras na região, além de curtir as belas paisagens do cerrado, sua fauna e flora. Tem aproximadamente 500 habitantes e algumas ONGs, inclusive de guias, e possui infra estrutura como pousadas, campings e restaurantes para receber seus visitantes.
Almoçamos no restaurante da Dona Nenzinha, na Rua 6, que faz um arroz com frango e pequi como ninguém. Não deixem de provar, é uma de-lí-cia!
Seguimos de carro até o mirante do Pôr do Sol, início de nossa próxima aventura: as cachoeiras do Abismo. No período das chuvas (de novembro a março), as águas canalizam-se pelas fendas das rochas formando cachoeiras grandes e pequenas com piscinas de hidromassagem. Uma caminhada de aproximadamente 3 km a partir do mirante, em meio a vegetação do cerrado com muitas canelas-de-ema, nos leva até este local maravilhoso! Ahhhh.... quando pensávamos que desta vez não pagaríamos taxa alguma, eis que no meio do caminho encontramos uma choupana e nela o "Velho Chico" (figuraaaaça!!!), que nos cobrou a tal taxa (rsrsrsrs....).
Quando chegamos não havia ninguém (maravilha!!!). O local tem uma paisagem espetacular que se mistura entre o esverdeado das serras e o azul do céu. Ficamos em êxtase com o mergulho e com a vista que se tem de dentro d'água para a Serra Santana e o Vale do Rio Preto. Um dos lugares mais incríveis que já visitamos e curtimos isso por um longo tempo (quase a tarde toda). Que loucura gente!!!
A muito contragosto saimos dali, pois ainda queríamos visitar outro atrativo, a Raizama, distante uns 3 km do povoado. Fica dentro do Sitío Espaço Infinito e, como não poderia ser diferente, também cobra taxa para visitação (aliás, nem vou mais falar disso, pois em quase todos os atrativos paga-se taxa de visitação por estarem dentro de áreas particulares e estão muito bem cuidados). Por uma trilha de aproximadamente 2 km chega-se à primeira cachoeira, conhecida como hidromassagem. Mais uma vez estávamos completamente sozinhas (pura sorte nesta época do ano em plena Chapada! rsrsrsrs....). Um delicioso banho e uma deliciosa hidro depois, continuamos a trilha margeando o córrego Raizama até o mesmo despencar em majestosa cachoeira encontrando lá embaixo o Rio São Miguel. A partir desse trecho a trilha segue beirando os paredões à esquerda e o precipício à direita, com uma visão fantástica para um cânion de mais de 100 m de extensão e, em alguns pontos, com cerca de 50 m de profundidade. Um espetáculo!!! Com este visual de tirar o fôlego chegamos nas piscinas naturais que convidam para um refrescante banho mas que, pelo adiantado da hora, tivemos que recusar (desculpas aí... com certeza voltaremos. rsrsrsrs....). Na volta passamos batidas pelo povoado de São Jorge e seguimos direto pra Alto Paraíso. Banho... pizza na Oca Lila com um merlot (também adoramos!) e cama... com certeza ainda extasiadas com tanta beleza!!!

30/01/09 (sexta) - Poço Encantado, Paralelo 14, Almécegas I e II e São Bento:
Café reforçado e novamente pegamos a GO 118 em direção a Cavalcante. Rodamos cerca de 50 km e entramos por uma estradinha de chão rumo a cachoeira do Poço Encantado. Deixamos nosso carro no estacionamento que tem ótima infra estrutura, inclusive com lanchonete, e já tivemos a primeira visão da maravilhosa queda de 25 m. A trilha, com cerca de 300 m, é super fácil e em pouco tempo chegamos a uma pequena praia e... adivinha??? Estávamos novamente sozinhas naquele paraíso! Tomamos um banho de sol antes de mergulharmos nas águas escuras e geladas do poço e ficamos ali curtindo o visual, brincando com os vários peixinhos que insistiam em abocanhar nossos dedos (rsrsrs...).
Voltando para Alto Paraíso nossa próxima parada foi no Paralelo 14, no ladinho da BR mesmo. Este local está em linha reta com a lendária Machu Pichu, no Peru, e São Tomé das Letras, em Minas Gerais. Dois lugares, assim como a chapada, envoltos em misticismo. Virna, inspirada, começou a fazer malabarismos no meio do asfalto. Rimos muito!!!
Uma rápida entrada em Alto Paraíso para o almoço, que foi novamente no restaurante Nativu's, e seguimos pela GO 239 que leva para São Jorge. Rodamos por cerca de 8 km até a entrada da fazenda São Bento. Solicitamos informações de qual direção seguir até as cachoeiras, mais uns 3 km por estrada de chão, estacionamos o carro e pegamos uma trilha com uma subida forte no início até a cachoeira Almécegas I, com 50 m. A trilha serpenteia por entre a vegetação do cerrado nos dando uma visão de frente da cachoeira que é fantástica! Continua numa descida íngreme e escorregadia que nos leva até o poço de águas negras e geladas, nem um pouco convidativo para um mergulho (estava muito frioooo.... apesar de estarmos em pleno verão, imagina!!! Fica uma dica: vá de manhã! rsrsrsrs...). O lugar estava deserto (que sorte minha gente!) e ficamos andando pra lá e pra cá procurando o melhor ângulo para as fotos, curtimos o visual e subimos a trilha de volta para conhecer a parte de cima, cheia de piscinas naturais e onde os raios do sol batiam com maior freqüência, tornando o lugar mais agradável e mais “quentinho” (rsrsrsrs...). Nos deliciamos com banhos de sol, mergulhamos pelos vários poços existentes e ficamos perambulando por um bom tempo pelo lugar, curtindo um entardecer maravilhoso com uma visão incrível das montanhas ao longe. De volta ao carro, seguimos agora para a Almécegas II, também muito bonita. Uma pequena trilha e em poucos minutos chegamos ao topo da cachoeira de 15 m. Nesta dá para andar praticamente pelo meio das quedas e sentar nos vários degraus que oferecem diferentes tipos de duchas naturais, uma ma-ra-vi-lha!!! O dia estava chegando ao fim e o reflexo do sol no poço, logo abaixo da cachoeira, deu um clima de nostalgia ao lugar...
De volta à fazenda ainda tivemos tempo de conhecer a cachoeira São Bento. No local existe uma trilha suspensa de madeira dentro da mata ciliar, margeando o Rio dos Couros. Não conseguimos aproveitar muito e nem deu vontade de mergulhar, já estava escurecendo e o frio começava a “pegar” novamente (rsrsrsrs....). Saímos dali rapidinho, pois a fazenda já estava fechando os portões.
Já na rodovia de volta a Alto Paraíso fomos presentadas com um maravilhoso pôr do sol, coroando nosso dia com um espetáculo de cores de arrepiar!
Paramos num mercado para comprar pães, queijos e vinho. O dia havia sido cansativo e o “jantar” no quarto da pousada era a melhor opção...

31/01/09 (sábado) - Macaquinho:
Acordamos cedinho, pois nossa intenção era conhecer as cascatas do Rio dos Couros, mas Genésio (dono da pousada) nos informou que a estrada era super ruim e que só dava pra ir de 4x4 (de palio 1000 era impossível!!!), e mesmo assim seria difícil conseguir alguém pra levar porque uma das pontes estava quase caindo (se é que já não havia caído) devido as chuvas que teimavam em cair toda noite na região. Ficamos decepcionadas, mas não desistimos dessa aventura.
Decidimos então conhecer as cachoeiras do Macaquinho. Seguimos pela GO 118 em direção a Brasília, rodamos uns 12 km nessa rodovia e entramos a esquerda numa estrada de chão (em bom estado na sua grande maioria) por mais uns 20 km até chegarmos na Fazenda Santuário das Pedras. Neste Santuário de vegetação preservada repleta de canelas-de-ema gigantes (algumas chegam a medir 3,5 metros de altura! Elas são raras e difíceis de ser avistadas na região já que muitas são cortadas para servirem de mourão de cerca), a atração maior são as cachoeiras no vale do rio Macaquinho e, numa trilha de apenas 200 m, chega-se ao primeiro poço de água verde-esmeralda, o poço Sereno (lindo!). Desta vez acompanhas de Pacheco (dono da fazenda) e sua esposa, ficamos nadando e mergulhando por um bom tempo em suas águas verdinhas que estavam uma delícia! Pedimos algumas dicas sobre a trilha e seguimos adiante passando pelas cachoeiras Pedra Furada, das Andorinhas e da Caverna, onde uma enorme piscina de águas esverdeadas adentra uma profunda gruta, lugar perfeito para um descanso e um "lanchão" (sanduíches, suco, frutas e barra de cereal).
Descemos pela trilha e chegamos ao Salto do Encontro, em que o rio Macaquinho e o córrego Fundão se juntam em uma queda maravilhosa. Ficamos sentadas dentro de um pequeno poço na parte de cima da cachoeira apreciando aquele lugar fantástico, onde as águas esverdeadas contrastavam com os paredões avermelhados (uma loucura!!!). Saímos à procura de uma trilha para descer até o poço de água verde-escuro, uns 50 m abaixo. Mas, pra todo lado que andávamos, dávamos de cara com um precipício pra lá de perigoso. Acabamos desistindo de nossa intenção e retornamos devagar até o primeiro poço, onde pretendíamos passar o resto do dia. Lá encontramos novamente Pacheco que nos disse haver uma trilha super fácil para chegar embaixo da cachoeira, se dispondo a nos mostrar a dita cuja. E lá fomos nós novamente pela trilha afora... Pacheco, “macaco velho” e de chinelos havaianas, ia voando na frente, com Virna “a trote” no seu encalço para não perdê-lo de vista, e eu?!?! Bom... eu ia devagar, quase parando... Afinal, fazer aquela trilha duas vezes em um dia, a última ainda correndo? Dava não!!! (rsrsrsrs...). Quando cheguei ao Encontro, fiquei como uma “barata tonta” procurando pelos dois até que Virna, surgindo do nada, veio ao meu encontro. A trilha era realmente difícil de ser encontrada, pois a entrada estreita ficava espremida entre um paredão enorme e o precipício (meio que camuflada pela vegetação). Mas, após isso, se tornava mais larga e bem fácil. Lá embaixo a visão era espetacular e não resistimos a mais um mergulho naquela piscina de águas frias e revoltosas que, segundo Pacheco, era a morada de uma enorme Sucuri. A cada mergulho saíamos rapidinho, pois a impressão era de que o “tal bichano” estava à espreita, só esperando uma oportunidade... hahahaha.... Pacheco se despediu e nos deixou a sós naquele santuário, em êxtase total!
Retornamos até a primeira cachoeira para um último mergulho e ficamos deitadas ao sol, lagarteando nos lajeados que circundam o poço. Já de volta à sede da fazenda encontramos novamente Pacheco que gentilmente nos ofereceu uma cachaça com arnica (muito boa por sinal) e nos contou alguns “causos” da região. Foi por ele que ficamos sabendo que o Vale do Rio Macaco (conhecido como Macacão), um complexo de cachoeiras e cânions de beleza incomparável e que pretendíamos conhecer nos próximos dias, também estava com acesso interditado, pois várias pontes haviam caído devido às fortes chuvas. Nem 4x4 chegava lá. Afffff... que triste!
Compramos um chapéu muito simpático com um macaquinho bordado, nos despedimos de Pacheco e pegamos a estrada. No meio do caminho, já anoitecendo, avistamos ao longe uma imensa nuvem com muitos relâmpagos (mais chuva!). Não conseguíamos ouvir os trovões, mas a visão dos imensos raios cruzando o céu a todo instante era show! Paramos o carro, desligamos os faróis e ficamos num breu total na tentativa de fotografar o fenômeno (daquelas fotos que só se vê em revista), mas estávamos sem tripé e as fotos saíam sempre muito tremidas, uma pena!
De volta à cidade, depois de um bom banho e um descanso, saboreamos uma deliciosa macarronada num simpático restaurante.

01/02/09 (domingo) - Mirante da Janela:
Dormimos até mais tarde nesse dia, pois dois de nossos destinos (Rio dos Couros e Vale do Macaco) estavam praticamente inacessíveis e ficamos meio sem saber pra onde ir... o que fazer... Mas não havíamos desistido de nenhum dos dois, ahhhh... isso não! Demos uma volta pela cidade passando por algumas lojinhas para comprar artesanato e ainda tentamos ver se encontrávamos alguém que nos levasse até um deles, mas com todos que conversávamos a resposta era a mesma: impossível chegar. Affff...
Decidimos então ir para São Jorge. Chegamos lá já perto do meio-dia e não conseguimos mais entrar no Parque para fazer a trilha do Salto ou dos Cânions (pra fazer essas tem que chegar cedo. Uiaaa...).
Fomos almoçar no Restaurante da Téia e, no bate-papo com a proprietária, descobrimos que seu sobrinho (Didi) era guia local e que, naquele horário, ainda daria tempo de fazer a trilha para o Mirante da Janela, onde teríamos uma visão de frente do Salto do Rio Preto (beleza!). Enquanto ela foi chamar Didi, nós fomos nos preparar para a aventura que, conforme nos informaram, era uma caminhada bem puxada.
Encontramos nosso guia em frente ao restaurante e partimos em direção ao mirante do Pôr do Sol (o mesmo lugar que dá acesso ao Abismo). Seguimos pela mesma trilha e, em uma bifurcação, pegamos a direita e nos embrenhamos cerrado adentro. Passamos por um local cheio de pequenos pedaços e lascas de cristal e Didi brincou dizendo que era ali que os OVNI's trocavam o pára-brisa quebrado (rsrsrsrs....). Segundo ele, a trilha tem 14 km, fica fora do Parque Nacional e é considerada uma das mais difíceis da Chapada.
Depois de muito sobe e desce alcançamos o primeiro mirante, conhecido como “janelinha” e tivemos nossa primeira visão do Salto. Um espetáculo!
Apesar do cansaço fomos adiante e o trecho seguinte exigiu muito mais esforço, pois tivemos que fazer praticamente uma “escalaminhada” pra chegar até o topo do monte, onde se encontra o Mirante da Janela. O esforço é recompensado pelo visual fantástico! Subimos em uma pedra de mais ou menos 2 m de largura e tivemos uma panorâmica do parque com os Saltos do Rio Preto a nossa frente. Em primeiro plano o salto de 120 m (ou salto II), cartão postal da chapada, seguido logo atrás pelo salto de 80 m (salto I ou do Garimpão), que possui uma grande piscina natural. Ficamos sentadas naquela pedra, com um imenso abismo aos nossos pés, admirando toda a beleza daquele lugar por um bom tempo. É mesmo como se estivéssemos vendo tudo aquilo de uma janela.
Descendo pela trilha, pegamos a direção contrária de onde tínhamos vindo, subimos por um paredão e em pouco tempo estávamos novamente nas cachoeiras do Abismo, tudo de bom!!! Mergulhamos naquela piscina de águas cristalinas e relaxamos na hidromassagem natural (a trilha tinha sido cansativa mesmo). Show!!!
Na volta passamos pela choupana do “Velho Chico” que, muito simpático, nos ofereceu um cafezinho e nos pediu uma carona até o vilarejo. Chegando a São Jorge nos despedimos de Chico, pagamos Didi (os guias cobram uma diária de R$ 60,00) e combinamos com ele o roteiro do dia seguinte, que seria para a Cachoeira do Segredo.
Como nossos próximos passeios seriam todos em São Jorge, decidimos sair de Alto Paraíso e nos hospedar na vila (seriam 70 km de estrada a menos para rodar). Saímos à procura de uma pousada e achamos uma bem simpática e aconchegante (Mundo dha Lua), que estava praticamente vazia, do jeitinho que a gente gosta, sem aglomerações (rsrsrsrs...). Fizemos a reserva para o dia seguinte e fomos jantar num restaurante a base de massas bem interessante: o restaurante Buriti’s. Todos os ingredientes como tomate seco, champignon, alcaparras, shitake, bacon, peito de peru defumado e o que mais você possa imaginar, juntamente com diversos tipos de temperos (pimenta, alecrim, manjericão, salsa, cebolinha, etc...), ficam à sua disposição em pequenos potes. Você escolhe a “mistura” que quer fazer com o tipo de molho (branco, ao sugo ou de carne) mais o tipo de macarrão (pene, talharim ou parafuso) e o cozinheiro prepara tudo na hora, em uma enorme frigideira. Maravilha!!! Logicamente que, para acompanhar tudo isso, nada melhor que um bom cabernet (rsrsrsr...).
De volta a Alto Paraíso, avisamos Genésio que sairíamos no dia seguinte devido aos próximos roteiros que iríamos fazer, mas que voltaríamos, pois ainda não havíamos desistido do Macaco nem dos Couros. Ele sorriu, meio que não acreditando na nossa teimosia (rsrsrsrs...). Um banho e caímos pregadas num sono profundo.

02/02/09 (segunda) - Cachoeira do Segredo:
Acordamos cedinho, tomamos café, fizemos as malas, nos despedimos de Genésio e zarpamos para São Jorge. Fomos até a pousada deixar as malas e encontramos Didi na frente do restaurante da Téia. Ele nos informou que havia mais uma pessoa interessada em fazer a trilha para a cachoeira do Segredo e perguntou se topávamos levá-la junto. Claro que concordamos! Era Camila, uma simpática goiana que passava os finais de semana na chapada e ainda não conhecia o Segredo (rsrsrs...). Vamboooooraaaaa....
Rodamos cerca de 14 km até a fazenda do seu Claro, deixamos o carro para trás, cruzamos um pasto, atravessamos o rio São Miguel e pegamos a trilha rumo a cachoeira do Segredo, que é um atrativo novo da chapada e só a pouco tempo vem sendo divulgado, portanto é imprescindível ir com um guia. A trilha tem um percurso de aproximadamente 18 km (ida e volta) e cruza o rio Segredo umas 10 vezes com vários poços de águas cristalinas para banho.
Em cada uma dessas travessias ficávamos a procura de pedras de cristal, muito comum de serem vistas por toda a chapada. Achamos várias de diversos tamanhos e formatos, uma mais linda que a outra. Admirávamos sua beleza por alguns instantes e a devolvíamos para o rio. Passamos por um poço de águas verdinhas onde o mergulho foi inevitável e “pernas pra que te quero”... havia muito chão pela frente! (rsrsrsr...).
Mais ou menos lá pela metade da caminhada depois de subir um pequeno morro, tivemos uma visão mais ampla do caminho que tínhamos pela frente, com a trilha serpenteando em meio à vegetação do cerrado acompanhada por algumas árvores de médio porte. Percebemos ao longe espessas nuvens negras se aproximando e o guia nos avisou: - “Vamos nos molhar”. Adoramos chuva, mas aquele ambiente não era dos melhores para curtir um banho. Tratamos de apertar o passo para chegar até as bordas das montanhas e tentar achar um lugar seguro até a tempestade passar, mas não deu tempo. Quando estávamos no meio do caminho fomos atingidos em cheio pela tromba d’água. Caraca! Era muita chuva! No início ficamos parados procurando por um lugar seguro, mas logo começaram os relâmpagos e tratamos de sair correndo dali. Quanto mais corríamos, mais complicado ficava, pois o campo aberto foi ficando para trás e enormes árvores começavam a surgir (mais perigoso ainda) e nada de alguma gruta ou fenda na rocha pra gente se abrigar. Affffff..... O jeito foi se acalmar, relaxar e... seja o que Deus quiser! (rsrsrsrs....).
Com a mesma rapidez com que veio, a chuva foi embora, deixando para trás quatro seres encharcados “até os ossos” (rsrsrsrs...). Seguimos adiante um pouco “ressabiados” com as conseqüências daquela chuvarada toda e ficamos atentos ao nível do rio. Se começasse a subir muito teríamos que voltar rapidamente para não ficarmos ilhados naquele sertão sem fim... hehehehe....
Mas não foi isso que aconteceu e, mais uns 30 minutos de caminhada, chegamos num imenso paredão arredondado, de onde despencava uma maravilhosa cachoeira. Apesar de ser um paredão em ângulo reto, a água não descia abruptamente, assim... em queda livre, escorria pelas rochas com pequenas saliências de vários tamanhos, dando a impressão de ser um imenso véu, até chegar num poço de águas verdinhas. Talvez esse era o Segredo?!?! Fantástico!
Sentamos em uma pedra de frente para aquele espetáculo, “lagarteando” ao sol para nos aquecer um pouco (ainda estávamos com os ossos molhados! rsrsrsrs...). Devido a isso, ninguém teve coragem de dar um mergulho. Fizemos um lanchinho e ficamos “papeando”, sem pressa, curtindo o lugar.
Voltamos caminhando devagar, fotografando flores e admirando a paisagem que, na ida, não tivemos tempo de apreciar por causa da chuvarada (rsrsrs...). Quando chegamos ao rio São Miguel levamos um susto: o que o nível do rio Segredo não subiu com a tempestade, o São Miguel havia subido. Affff... Ainda dava pra atravessar, mas o perrengue ia ser grande! Didi então nos mostrou uma alternativa um tanto hilária: havia um cabo de aço cruzando o rio e nele, pendurado em duas roldanas, um pequeno caixote. Olhamos para aquele “artefato” meio desconfiadas, mas era “aquilo” ou se arriscar nas corredeiras do rio. Preferimos o caixote (kkkkkkk...). Virna (corajosa) foi a primeira voluntária e eu fiquei só na filmagem da aventura. Logo depois foi a minha vez, depois Camila e por último nosso guia Didi. Rimos muito!
De volta a Vila combinamos o roteiro do dia seguinte, que seria dentro do Parque Nacional: a trilha dos Saltos. Nos despedimos de Didi e combinamos com Camila de nos encontrar para jantar. Tomamos um merecido banho quentinho (de água gelada estávamos até os ossos! rsrsrs...). Liguei para mamãe, que neste dia completava 82 aninhos, desejei toda felicidade do mundo, pedi "a benção" (Te amo muito viu?) e fomos encontrar Camila num “boteco” no centrinho do vilarejo, onde serviam uma carne de sol com mandioquinha que era uma delícia e que, desta vez, foi acompanhada de uma... duas... três... cervejinhas bem geladas (hehehe...). Depois disso? Boa noite!

03/02/09 (terça) - Saltos I e II e Águas Quentes:
Quando o despertador tocou, nem acreditamos! A cama estava uma delícia e bateu uma vontade “ERNORME” (como diz meu sobrinho Igor, rsrsrs...) de ficar ali por mais algumas horas... Mas, como tínhamos compromisso agendado, tratamos de nos preparar para a aventura. Tomamos café e fomos ao encontro de Didi e Camila no local combinado (em frente ao restaurante da Téia). Nenhum dos dois apareceu (affff...). Esperamos ainda por cerca de 15 minutos e resolvemos ir sozinhas mesmo até o Centro de Visitantes para não perder a hora. Chegando lá conversamos com o atendente, pagamos uma pequena taxa e fomos apresentadas a um condutor credenciado (não se pode entrar no parque sem um deles). Ele nos informou que cobrava uma diária de R$ 60,00 por grupo máximo de 10 pessoas e sugeriu que aguardássemos a chegada de mais pessoas para “rachar” a diária. Topamos a idéia e, enquanto esperávamos, fomos conhecer o Centro de Visitantes, que abriga uma exposição permanente de fotografias de Araquém Alcântara e Íon David, no Auditório de Palestras, e a biblioteca do Cerrado, com mais de 500 volumes em temas referentes ao Meio Ambiente. O Parque foi declarado Patrimônio Mundial Natural em 2001 pela UNESCO e, além da conservação, tem como objetivos a pesquisa científica, a educação ambiental e a visitação pública.
Logo chegaram mais pessoas, formamos um grupo com uma família e partimos para a caminhada. A trilha tem aproximadamente 12 km (ida e volta), onde o primeiro trecho é de subida forte passando por minas desativadas de cristal, conhecidas como garimpão. Quando estávamos mais ou menos na metade do caminho começou a chover forte, nos deixando novamente molhadas até os ossos (rsrsrs...), mas desta vez sem os perigosos raios (ainda bem!). Seguimos adiante num percurso escorregadio e pedregoso e, após uma descida de quase 100 metros avistamos o mirante do Salto II do Rio Preto. Ainda estava chovendo, mas mesmo assim a visão do Salto de pertinho era impressionante! Entre uma foto e outra, nosso guia veio nos informar que uma pessoa da família estava “passando mal” e queria voltar. Affff... nem havíamos chegado na metade da trilha, pois ainda faltavam o Salto I e as Corredeiras. Sugerimos ao guia que levasse a família de volta ao centro enquanto esperávamos por ele nas piscinas do Salto I, mas ele disse que isso seria impossível, pois não podia deixar ninguém sozinho nas trilhas (regras do parque). Uiaaaaaaa... bem que os “avisos” no início da manhã – sem vontade de sair da cama e a furada de Didi – deviam ter sido levados em conta (rsrsrs...). Tuuuuudo bem! Combinamos então de ir rapidinho até o Salto I, já que era uma trilha de apenas 1 km, para algumas fotos e pegamos o caminho de volta muito a contragosto. Continuava chovendo e a família andava mais devagar que “tartaruga”. Eu e Virna íamos a passos largos na frente, nos distanciávamos uns 500 m do grupo e retornávamos ao seu encontro. O guia ficava “puto” com isso e, cada vez que nos encontrávamos falava sempre a mesma coisa: - Temos que ficar todos juntos, ninguém pode andar sozinho na trilha. E nós nem “tchum” pra ele... continuamos nesse vai-e-vem por todo o caminho de volta (acho que, no fim, andamos mais de 20 km). Pelo menos achamos uma forma de nos divertir com a situação (rsrsrsrs...). Quando estávamos chegando perto do centro a chuva parou, perguntamos ao guia sobre a possibilidade de ele nos levar de volta aos Saltos (sem a família logicamente), mas ele nos informou não ser possível devido ao adiantado da hora (já passava das 14 h), e a entrada para as trilhas só era permitida até às 12 h (regras do parque). Então tá, né? Fazer o quê?
Retornamos ao vilarejo, passamos na pousada para tirar a roupa molhada, conversamos com o dono pra saber se ele conhecia algum guia "legal" (precisávamos de um pra fazer a trilha dos saltos novamente) e ele ficou de ver isso pra gente. Fomos até uma padaria fazer um lanche e na volta conhecemos Andrea, uma paulistana que tinha acabado de chegar da trilha do Abismo e, no bate papo, combinamos de ir conhecer as Águas Quentes, um complexo de piscinas artificiais construídas dentro da mata e sobre uma mina de água quente, ideal para um final de tarde.
Rodamos por cerca de 15 km pela estrada das colinas até a propriedade, estacionamos embaixo de uma goiabeira que estava carregada, pedimos algumas frutas para o dono do lugar e seguimos pela trilha saboreando deliciosas goiabas vermelhas. Após uma caminhada bem fácil de 300 metros chegamos nas piscinas, que têm um acabamento rústico de pouca profundidade, proporcionando um agradável e relaxante banho de imersão. Não havia mais ninguém no local, mergulhamos naquelas águas quentinhas que estavam em torno de 38 graus e ficamos papeando sobre nossas aventuras na chapada até o anoitecer. Na escuridão quase total, cortada somente pela iluminação distante de uma lâmpada, ficamos curtindo o silêncio que reinava ao nosso redor, quebrado unicamente pelo som do coaxar de algumas pererecas que, no início eram distantes, mas com o passar do tempo ficaram mais fortes, sinal de que estavam se aproximando... Virna, que tem “pavor” desses bichanos, ficou preocupada com a presença delas dentro da piscina, o que foi prontamente descartado devido à temperatura da água. Pelo que sabíamos pererecas gostam de água fria. Ledo engano! Uma delas subiu pelo meu ombro e foi avistada por Virna que deu um salto “mirabolante” da piscina e saiu correndo dali em direção ao carro (rsrsrs...). Eu e Andrea juntamos as "tralhas" e fomos encontrar Virna (ainda trêmula) no estacionamento. Voltamos ao vilarejo (se não fosse pelas bichinhas, acho que teríamos ficado por lá até bem mais tarde, rsrsrsrs...), nos despedimos de Andrea e fomos até um mercado comprar nosso jantar que seria mais uma vez uma ótima opção no quarto da pousada. Passamos na Bambu Brasil para um açaí na tigela e, quando chegamos na recepção, o dono nos informou que havia uma pessoa a nossa espera. Era o guia conhecido como "Metal" (maior "figura", gente boníssima!). Combinamos de fazer as duas trilhas do parque (dos cânions e dos saltos) no dia seguine. Seria puxado, mas dava pra fazer "de boa", como dizia Metal. (rsrsrsrs...). Maravilha!
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04/02/09 (quarta) - Cânions II e III, Carioquinhas, Corredeiras, Saltos I e II:
Pulamos cedinho da cama, pois o dia, segundo nosso guia, ia ser pra lá de puxado. Iríamos percorrer uma trilha com cerca de 23 km e teríamos que terminá-la antes das 18 h, horário obrigatório da saída do parque pra não levar multa (rsrsrs...).
Encontramos Metal na recepção e seguimos até o Centro de Visitantes, pagamos o ingresso e pegamos a mesma trilha do dia anterior (em direção aos saltos), passamos pela pedra do Mamute, descemos uma ladeira íngreme e dobramos à direita rumo aos cânions. Como chovia praticamente todos os dias, o cânion I estava fechado para visitação (muita água) e seguimos direto para o II. A trilha tem aproximadamente 6 km e não é muito difícil, já que para ir é quase totalmente descida. O dia estava ensolarado e quente, dificultando um pouco a caminhada devido ao calor intenso, pois a vegetação do cerrado é árida e não possui grandes árvores com sombras (cadê a chuva??? rsrsrs...), mas em compensação nos possibilita observar uma infinidade de flores extraordinárias pelo caminho. De vez em quando encontrávamos fezes do lobo Guará, que usam isso como forma de demarcar seu território. Avistamos um ao longe, mas nem deu tempo de fotografar, pois ele logo sumiu em meio à vegetação. Após 2 h de caminhada chegamos ao cânion II, um incrível desfiladeiro com paredões de 10 m de altura onde o rio Preto se afunila formando uma corredeira alucinante até chegar em um poço de águas tranqüilas e escuras que refletiam o azul do céu (show!!!). Sentamos nas pedras ao lado desse poço para um descanso, tomamos água, comemos algumas frutas e ficamos conversando com o guia sobre a possibilidade de ir até o Macacão ou os Couros no dia seguinte. Ele não nos garantiu o Macacão, mas disse que nos Couros dava pra ir sim, ia ver com amigos logo mais a noite sobre o estado da estrada. Yuhúúúúú.... Isso nos animou muito! Seguimos adiante, passando pelo cânion III até chegarmos à cachoeira das Cariocas, popularmente conhecida como Carioquinhas que, “diz a lenda”, ganhou esse nome devido a três garotas cariocas que ficaram perdidas durante um bom tempo e foram encontradas neste local, isso bem antes da entrada do parque ser controlada, quando a área ainda não era monitorada pelo IBAMA (vai saber?!?! rsrsrs...). Lendas à parte, o lugar é maravilhoso! Descemos por um paredão de quartzito bem íngreme (bastante trabalhoso) e tivemos uma visão de frente das quedas com mais ou menos 10 m de altura por 20 de comprimento. Metal nos falou que ali há várias piscinas naturais com pequenas praias de areias grossas e ainda é possível se refrescar e relaxar com fortes jatos d’água sobre os ombros embaixo das quedas, mas que seria impossível fazer isso naquele dia, pois o rio estava muito cheio, a cachoeira estava “bombando” e as praias e piscinas haviam sumido, encobertas pela água. Tudo bem! O visual por si só já valeu a pena, êê... valeu a pena, êê... (rsrsrs...).
Vambooooraaa... Já passava do meio-dia e ainda havia muito chão pela frente! Novamente a trilha adentrava o cerrado com muitas flores e canelas-de-ema. Após mais 2 h de caminhada chegamos às Corredeiras, uma antiga pedreira que abriga várias piscinas naturais entre pequenos saltos do rio Preto. São verdadeiras banheiras de hidromassagem naturais e que também, devido ao grande volume de água, estavam encobertas. Nos refrescamos nas margens do rio, procuramos uma sombra para fazer um lanche e ficamos por algum tempo deitadas nas lajes descansando em silêncio quase absoluto, só com o som da água rolando pelas pedras... que coisa boa minha gente! Estávamos quase cochilando quando um grupo meio barulhento chegou ao local, quebrando o encanto do lugar (rsrsrs...). Saímos dali rapidinho e, mais 1 hora de caminhada, chegamos novamente ao Salto II que estava totalmente diferente do dia anterior, pois o dia estava ensolarado. Uma maravilha! Da borda do salto também conseguimos ver, ao longe, o Mirante da Janela (que no dia anterior estava encoberto pela névoa) com o rio Preto serpenteando pelo vale afora. Seguimos para o Salto I com sua piscina natural de águas escuras (devido ao óxido de ferro) e com cerca de 300 metros de diâmetro (sem dúvida a maior piscina da Chapada!). Como nos atrativos anteriores, o guia nos aconselhou a não mergulharmos por causa do nível do rio. Virna e Metal sentaram em algumas pedras de frente para a cachoeira e ficaram de bate-papo, eu fui até uma pequena praia de areias grossas onde havia muitos peixinhos. Cada vez que colocava as mãos na água eles vinham a toda para abocanhar meus dedos, eram tantos que até conseguia pegar alguns deles com as mãos em concha. Me diverti um bocado com isso (rsrsrs...).
Seguimos para o centro de visitantes, saindo do parque às 17h e 30min. O dia foi show!!! Deixamos Metal no centro do vilarejo com a promessa de que nos encontraria logo mais para dar uma posição sobre a possibilidade de irmos até o Macacão ou os Couros no dia seguinte. Fomos até o mercado comprar nosso jantar (pão, queijos e vinho) e voltamos à pousada para um merecido banho e descanso. Lá pelas 21 h fomos informadas que Metal estava a nossa espera na recepção. Junto com ele estavam Camila e mais quatro jovens de São Paulo: Tiago, Marcela, Amanda e Raquel (já os tínhamos visto pelo vilarejo), eles, assim como nós, também queriam ir até o Macacão ou os Couros e, conforme disse Metal, a ponte que dava acesso aos Couros não havia caído e dava pra passar, “de boa”, ou não... tinha que ver quando chegássemos lá (rsrsrs....). Já o Macacão... esse estava interditado mesmo. O problema seria transporte para todos, pois estávamos em oito no total e só com um carro (affff...). A galera de SP comentou que havia um rapaz que estava de carro e que também era afim de ir pros Couros. Iriam conversar com ele mais tarde para confirmar. Então, combinamos de nos encontrar na manhã seguinte às 8 h em frente à pousada para ver o que ia rolar... Ótimo!
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05/02/09 (quinta) - Morro da Baleia e Sete Lagoas:
Após o café encontramos o pessoal em frente à pousada e, com eles, mais um rapaz com um Uno. Metal explicou como seria a “empreitada”: a estrada estava em péssimas condições, mas dava pra arriscar (rsrsrsrs...).
Tínhamos “somente” dois perrengues pela frente: a ponte e uma subida forte. Se não desse pra passar na ponte, teríamos que deixar o carro e andar mais ou menos uns 10 km. Se desse pra passar, teríamos na sequência uma subida íngreme, quase em forma de escadaria. Se os “carrinhos” não conseguissem transpor mais este obstáculo, teríamos que deixá-los para trás e andar uns 6 km. Por nós (eu, Virna e o Palio), tudo bem, mas o garoto do Uno não topou a aventura e foi embora! Affff....
Metal comentou que tinha um opala “meio velho” e que ele poderia colocar o bichinho a disposição do grupo, mas o mesmo não tinha condições de enfrentar o trecho pros Couros. Como não queríamos deixar a galera na mão, foi dada a sugestão de irmos fazer a trilha do Morro da Baleia naquele dia, deixando o tão sonhado Couros para o dia seguinte ou depois. Decidido isso, Metal foi pegar o “opalão” e nós fomos até a padaria comprar lanche e água.
Conhecido antigamente como Morro do Ferro de Engomar, o Morro da Baleia é uma formação rochosa de quartzito com 1.501 m e é o cartão postal do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. É avistado por quem passa pela estrada que liga Alto Paraíso a São Jorge e o acesso se dá pela propriedade do seu Chico Preto. A trilha de 3 km inicia com um trecho bem íngreme e depois segue mais fácil até o mirante do "rabo da baleia", de onde se pode avistar a cachoeira de mesmo nome, o Morro do Buracão e uma paisagem fantástica denominada “Jardim de Maitréia”, que é, na realidade, um campo úmido de onde afloram as nascentes que formam o córrego Riacho Fundo, afluente do rio Preto.
Descemos até a cachoeira e nos deliciamos nas suas águas verdinhas e geladas. Pausa para o lanche e, no bate-papo, Metal sugeriu que fôssemos conhecer as Sete Lagoas, que ficava ali pertinho. Topamos de imediato e seguimos adiante por campos repletos de capim estrela por aproximadamente 2 h até o local. O lugar é maravilhoso! Fica no meio do Parque Nacional e seu acesso é restrito (zona intangível determinada pelo plano de manejo como área para reprodução da fauna). Trata-se também de um campo úmido e, na época da chuva, o campo encharcado fica saturado, dando lugar a pequenas lagoas - daí a denominação. Situa-se próximo ao Morro Peito de Moça, com 1.532 m acima do nível do mar. Das Sete Lagoas nasce o ribeirão Montes Claros, um dos formadores do rio Claro, cujas águas são excepcionalmente transparentes.
Ficamos por ali por um bom tempo na expectativa de avistar algum animal silvestre, mas nenhum deu o “ar da graça” naquele momento (rsrsrs...). Saímos dali com o passo apertado, pois nuvens negras surgiram ao longe e vinham rápido em nossa direção. A tempestade nos pegou no meio do caminho nos deixando encharcados, mas por sorte, a mesma veio somente com muita água, pois estávamos em campo aberto e raios não seriam bem-vindos (rsrsrs...).
De volta à casa do seu Chico Preto, trocamos de roupa, compramos algumas mangas e voltamos à São Jorge. Combinamos de nos encontrar mais tarde para ver o que ia rolar no dia seguinte.

Banho, descanso e encontramos a galera em frente à pousada. Eles ainda não tinham descolado ninguém com carro pra ir pro "bendito" Couros (já virou novela isso! rsrsrsrs...). Combinamos então de fazê-lo no sábado com certeza, pois domingo tínhamos que voltar à Brasília (nosso vôo de volta estava marcado para segunda-feira, bem cedinho).

Jantamos novamente no Buriti’s acompanhadas de Camila e de um bom cabernet. Trocamos e-mail, nos despedimos (Camila não poderia nos acompanhar nos próximos dias) e fomos dormir.


06/02/09 - (sexta) - Encontro da Águas:

Dormimos até mais tarde e depois do café da manhã tardio, encontramos com o pessoal em frente à pousada. Como já era esperado, eles não encontraram ninguém com carro pra nossa aventura tão desejada, então decidimos passar o dia perto da Vila mesmo, onde poderíamos ir com um carro só.

O local escolhido foi o Encontro das Águas, que é mais um recanto magnífico da Chapada e localiza-se a 20 km de São Jorge. Chegamos na sede da fazenda que abriga o lugar, pagamos o ingresso e já encomendamos nosso "almojanta" (dica do nosso guia Metal). Uma trilha fácil de 1 km e meio leva a cânions, corredeiras e poços formados pelo encontro dos rios São Miguel e Tocantinzinho. Ficamos a tarde toda mergulhando e nadando nas águas verdinhas desse paraíso, com pausas para "lagarteadas" ao sol. O dia estava lindo!
Quase ao final do dia pegamos a trilha de volta até a sede para nosso "lanchinho" e partimos para a Vila já ao anoitecer. Nos despedimos da galera e fomos encontrar Metal para combinar o dia seguinte. Com certeza iríamos para os Couros. Seria nosso último dia na Chapada e, decididamente, não iríamos perder esse roteiro. Ahhhh.... isso não! rsrsrs...

07/02/09 (sábado) - Rio dos Couros:

Acordamos cedinho, café, check out, encontramos Metal e partimos para Alto Paraíso. Rodamos por 19 km pela BR em direção à Brasília e pegamos uma estrada de terra à direita. Da BR até as cachoeiras rodamos mais 32 km, que foi uma aventura e tanto! Após 22 km encontramos a dita ponte que estava em péssimas condições, quase que totalmente destruída. Metal desembarcou e foi na frente, recolocando tábuas e me orientando nas manobras. Uma loucura! rsrsrsrs....
Obstáculo vencido, rodamos mais uns 4 km e chegamos na subida íngreme que mais parecia uma escadaria. O pior é que, além dos degraus, ainda havia enormes valas abertas por causa da chuvarada. Affff... Engatei a primeirinha no Pálio e lá fomos nós (não iríamos desistir agora! rsrsrs...). O carrinho resistiu bravamente e, após vários zigue-zagues desviando das valas, conseguimos chegar ao topo (yuhúúúú...). Seguimos por mais uns 5 km de estradinha relativamente boa até o local onde deixamos o "coitado" do Pálio. Pegamos uma trilha relativamente fácil através do cerrado, com suas árvores enfezadas, às vezes dando lugar a campos limpos, veredas e muitos buritis. A caminhada segue  margeando o Rio dos Couros até chegar na primeira queda: A Cachoeira da Muralha, que é formada por diversas cachoeiras, uma ao lado da outra, com cerca de 15 metros de altura. Não havia ninguém no local e aproveitamos para dar um refrescante mergulho com direito a hidromassagem natural. Delícia!
A trilha segue rio abaixo e logo chegamos às corredeiras, com suas águas agitadas de coloração avermelhada. Mais adiante uma segunda queda d'água: A Cachoeira São Vicente, com uns 50 m de altura. Show! Continuamos descendo pela trilha, agora para podermos apreciar a cachoeira por baixo, que é um espetáculo deslumbrante. Sentamos na lage em frente a queda, lanchamos e ficamos por horas apreciando o entorno das cachoeiras com sua vegetação fascinante.
Dali pra frente, o rio segue seu curso limitado por grandes paredões junto à mata de galeria, formando cânions, cachoeiras, mais cânions... Imagens que jamais esquecerei! 
Voltamos pela mesma trilha até a primeira queda e demos um último mergulho, agora acompanhadas por um grupo de quatro rapazes. O guia estava pasmo! Eles estavam com uma Hilux 4x4 e não acreditou que havíamos chegado ali com um Pálio (voando é que não foi, kkkkkk...).
A volta foi outra aventura à parte: descer aquela ribanceira com seus degraus e valas foi uma loucura! A ponte com suas tábuas soltas foi fichinha perto daquilo (rsrsrsr...).
Deixamos Metal no acesso à São Jorge para pegar o ônibus e voltamos à pousada do Genésio. Banho, pizza e cama. O dia foi maravilhoso! Finalmente tínhamos conseguido chegar ao nosso tão sonhado Rio dos Couros, com suas fantásticas cachoeiras. Ainda voltarei lá pra fazer um canioning, ahhhh... se volto! Valeu à pena, he, he...

08/02/09 (domingo) - Alto Paraíso / Brasília:

Acordamos meio tarde, café da manhã com direito a bolo (meu aniversário, rsrsrs...), check out e zarpamos de volta à Brasília. À noite nos encontramos com Erich e jantamos num restaurante japonês (adoro!) para comemorarmos meu níver e nossos 11 dias de muita aventura pela Chapada dos Veadeiros! Yuhúúúúú....

09/02/09 (segunda) - Brasília / Curitiba:

Acordamos cedinho, nos despedimos de Erich, entregamos o "coitado e bravo Pálio" na locadora (se eles soubessem... rsrsrsr...), aeroporto, voo de volta à Curitiba e depois casa.